terça-feira, 22 de outubro de 2013

Administração Gerencial e os Contratos de Gestão: A nova Administração Pública brasileira.

O grande dilema hoje nos organismos públicos no Brasil é, mesmo com todas suas peculiaridades, conseguir atingir a eficiência e eficácia na prestação de serviços ao cidadão, buscando minimamente se aproximar dos bons exemplos da iniciativa privada.




Quando se pensa em Administração Pública no Brasil, o que vem à mente? Burocracia, serviços públicos sem qualidade, dificuldade na manutenção de prazos. Quem enxerga dessa forma não está de todo modo errado. O grande dilema hoje nos organismos públicos no Brasil é, mesmo com todas suas peculiaridades, conseguir atingir a eficiência e eficácia na prestação de serviços ao cidadão, buscando minimamente se aproximar dos bons exemplos da iniciativa privada. Porém já existem algumas alternativas e possibilidades em construção dentro do Brasil, que será abordado mais a frente. Analisando o cenário, é possível perceber alguns problemas recorrentes e que geram a maioria das dificuldades e desconfianças. Um dos grandes vilões é a falta de um rumo, ou seja, a falta de uma ideia de governo. Não é algo particular de um governo ou de outro, mas que vem acontecendo ao longo do tempo.

Aprofundando um pouco, essa falta de planejamento está intimamente ligada a uma constante mudança na atuação do Estado dentro da sociedade, ora demonstrando agir mais fortemente, ora saindo de cena e deixando que as coisas aconteçam de forma mais natural. Explicando cada uma das situações, é possível se perceber a primeira quando o Estado, por exemplo, abastece seus quadros com numerosas contratações, muitas vezes com critérios não muito definidos, ou quando cria inúmeros órgãos e entidades governamentais. Nessa situação existe uma clara inclinação para uma atuação mais contundente na sociedade. Em contrapartida, na contramão disso, o Estado contrata empréstimos e equipes externas, busca consultorias e serviços, muitas vezes para realizar as atividades fins as quais os próprios órgãos foram criados. Além de serem duas situações contraditórias, quando acontecem ao mesmo tempo em períodos pequenos de tempo demonstram falta de identidade e de objetivos.

Na verdade tanto uma quanto outra teoria de atuação do Estado já foram testadas e sucumbiram dentro de cenários dinâmicos onde a estagnação de um quanto outro modelo não é suficiente. Adam Smith pregava uma menor atuação do Estado, e com isso veio a crise americana no início dos anos trinta. Mais tarde, o Estado de Bem Estar Social pregou uma maior intervenção estatal, que também sucumbiu juntamente com a crise da Burocracia. Se formos seguir a linha da história brasileira e mundial perceberemos que esse assunto vem sendo bastante estudado. Hoje dentro da Administração existem Escolas que estudam a Administração Pública especificamente, e nesses estudos aparecem teorias novas como a Administração Gerencial, Accountability e Nova Gestão Pública. Conceitos que trazem para a gestão pública assuntos da iniciativa privada como transparência, eficiência, produtividade e responsabilização. Dentro desses conceitos podem ser encontradas as respostas para as dúvidas quanto ao melhor formato de desempenho do Governo.

É preciso também indicar que a legislação já possui alguns recursos e possibilidades para que se encontre a melhor condição. Na legislação brasileira, como exemplo mais contundente, hoje existe o mecanismo do Contrato de Gestão. Tal recurso possibilita que o Estado firme contratos com organismos do terceiro setor, formado por entidades sem fins lucrativos. Neles são definidos os serviços prestados, metas a serem atingidas, verbas a serem repassadas e os controles que serão exercidos. Engana-se quem acredita que se trata de uma privatização, pois no Contrato de Gestão não se repassa ao ente privado a titularidade, mas somente a execução, mantendo o controle da atividade, podendo ser avocada a execução se não atingir as metas e objetivos acordados. Aqui o grande mérito é a participação efetiva e responsável de pessoas jurídicas de caráter privado na gestão pública, que pode aportar práticas novas e mais preocupadas com a tão difícil e almejada qualidade dentro da administração pública brasileira.

Nesse contexto, existe um desejado e maior equilíbrio entre a atuação do Estado e da iniciativa privada. O Governo pode estabelecer os planos e objetivos, otimizar sua estrutura transformando Autarquias, já criadas por lei, em Agências Reguladoras buscando controlar e monitorar os serviços repassados. Nesse formato, a administração pública consegue se aproximar de forma prática ao dinamismo do mercado, buscando prestar serviços públicos de maior qualidade aos cidadãos, considerado aqui como consumidores, e focando mais fortemente nos fins ao invés dos meios, ou seja, nos resultados.



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